31/05/2007

Técnicas de Guia - A Troca (Mudança de Lado)


Utilização

Há vários situações em que a pessoa com deficiência visual precisará de mudar de lado, por exemplo, antes de passar por uma porta ou usar um corrimão. Na rua, o guia deve ficar entre o trânsito e a pessoa com deficiência visual. Assim, depois de mudar de passeio (depois de atravessar uma estrada, por ex.) pode ser necessário trocar de lugar. Existe mais do que uma maneira de o fazer mas a seguinte técnica parece ser a mais segura.

Vamos imaginar que a pessoa com deficiência visual está do lado direito do guia:
  • O guia diz o comando "Troca".

  • A pessoa com deficiência visual agarra no braço direito do guia com a mão direita acima da mão esquerda.

  • A mão esquerda desliza nas costas do guia até encontrar o seu braço esquerdo onde agarra.

  • A pessoa com deficiência visual passa pelo lado esquerdo do guia.

  • Depois esta larga o braço direito do guia e segura no seu braço esquerdo com as duas mãos.

  • Finalmente a mão esquerda larga o braço esquerdo do guia e a mão direita acerta a pega.

Observações

É mais fácil executar do que descrever! Deve-se treinar inicialmente parado.

30/05/2007

Técnicas de Guia - Passagens estreitas

Utilização

Quando não há espaço suficiente para duas pessoas andarem lado a lado, o que pode acontecer quando há um obstáculo no passeio, muita gente num corredor, uma poça de água na rua, etc.

Técnica
  • Antes de chegar à passagem estreita o guia coloca o braço atrás das costas.

  • A pessoa com deficiência visual estica o braço de contacto e coloca-se atrás do guia.

  • Quando a pessoa com deficiência visual já saiu da passagem estreita o guia coloca o braço na posição normal e esta também adopta a posição normal.

Observações

O tempo que corresponde ao "antes de chegar" diminui de acordo com a experiência do guia e do "guiado". Assim, inicialmente o guia deve indicar uma passagem estreita 5/6 passos antes. Para reforçar o sinal o guia pode abanar o braço enquanto estiver com ele atrás das costas.

É importante que a pessoa com deficiência visual apenas volte à posição normal quando o guia assim o indicar e não tente prever o fim da passagem estreita.

Técnicas de Guia - Posição (Postura)

Técnica
  • O guia mantém o braço de contacto ao lado da pessoa com deficiência visual, flectido pelo cotovelo ou na vertical. A primeira posição transfere melhor a informação e é mais indicada quando a pessoa com deficiência visual precisa de algum apoio físico. Mas a segunda posição é menos cansativa para o guia e é a mais indicada quando a pessoa já é experiente como "guiada".

  • A pessoa com deficiência visual deve manter-se ao lado do guia meio passo atrás, com o seu braço de contacto flectido.

  • Devem andar a uma velocidade que seja confortável para os dois. O guia não deve servir de rebocador e a pessoa com deficiência visual não deve empurrar o guia.

Técnicas de Guia - Contacto inicial e pega


Técnica

  • O guia toca com a sua mão nas costas da mão ou no cotovelo da pessoa com deficiência visual. Em alternativa pode-se também tocar com o seu antebraço no antebraço da pessoa.

  • Em seguida a pessoa com deficiência visual segura no braço do guia acima do cotovelo, com o polegar por fora e os restantes dedos no lado interior. Inicialmente, esta deve segurar com os 4 dedos mas com tempo pode segurar apenas com dois.

  • A pega deve ser suficientemente forte para manter contacto com o guia mas não deve magoar.

  • A pessoa com deficiência visual não deve fazer peso no braço de quem a guia.

Alternativas

  1. Se a pessoa com deficiência visual for muito mais pequena que o guia pode segurar o pulso do guia e, se for uma criança, pode mesmo segurar a mão.

  2. Se a pessoa com deficiência visual for muito mais alta que o guia pode pôr a mão no ombro do guia.

Observações

É natural que no início do trajecto a pessoa com deficiência visual faça uma pega mais firme, que reflecte a sua ansiedade, mas se essa situação se prolongar deve-se chamá-la à atenção para o desconforto.

28/05/2007

Técnicas de Guia - Introdução

As técnicas de guia foram desenvolvidas para garantir que uma pessoa com boa visão e uma pessoa com pouca ou nenhuma visão possam andar juntas com dignidade, segurança e conforto. Com prática, o guia e a pessoa guiada podem andar grandes distâncias em várias situações sem ter necessidade de interromperem as suas conversas. O guia experiente pode ajudar muitas pessoas deficientes visuais e alguém com muita experiência como pessoa guiada pode ensinar um guia inexperiente.

Um guia deve:

- estar sempre atento ao grau de ansiedade do seu acompanhante;

- deve pensar cinco passos à frente;

- contar com a largura dos dois;

- e prever potenciais perigos.

O guia deve também lembrar-se que está a servir de guia e não de porta-voz da pessoa guiada.

Terminologia

É difícil saber qual é o melhor termo para fazer referência às pessoas que pouco ou nada vêem:

"Ceguinho" - a evitar!
"Invisual" - termo antigo, em desuso, pode remeter a confusões como o "audiovisual" ou o "invisível"!!
"Deficiente Visual" - termo mais recente, mas a ênfase está na condição e não na pessoa...
"Pessoa com Deficiência Visual" - melhor, porque coloca a pessoa em primeiro lugar..
"Zé" ou "Maria" - o melhor termo, a pessoa com deficiência visual é vista simplesmente como uma pessoa.

A ideia de que uma deficiência deve ser descrita em termos médicos está posta em causa por muitas pessoas, hoje em dia. De facto, existe uma nova terminologia que refere as pessoas com limitações de actividade e não deficientes. Devemos dar ênfase às implicações que a deficiência tem para a vida da pessoa e não aos aspectos médicos. No caso de uma pessoa com deficiência visual as maiores implicações são:

1. Menos informação
A visão fornece cerca de 80% da informação sensorial. Para compensar o défice um deficiente visual tem de prestar mais atenção aos outros sentidos e procurar informação de forma activa. A sociedade tem obrigação de fornecer informação em formatos não-visuais.

2. Menos comunicação
65% de uma conversa é não verbal. Quando falamos com uma pessoa cega não nos podemos esquecer que a informação que transmitimos pela nossa postura, gestos, etc. terá de ser incorporada na voz. Também temos de nos lembrar que a linguagem corporal de uma pessoa cega pode ser enganadora.

3. Mais tempo
Quase todas as actividades demoram mais tempo. As mãos demoram mais tempo a explorar um objecto de que os olhos, e o deficiente visual tem de chegar ao pé de um objecto para o ver. Também demora mais tempo a conhecer um novo espaço ou a encontrar um caminho.

Resultado: uma predisposição para o isolamento e para a inactividade!

18/05/2007

Deficiência Visual

Segundo o Censos de 2001, em Portugal existem cerca de 163 500 pessoas com deficiência visual. Poucas são cegas totais. A grande maioria, talvez 145 000, é constituída por pessoas com baixa visão e, mesmo as pessoas consideradas cegas normalmente conseguem ver vultos ou perceber se uma luz está ou não acesa.
Em termos médicos, uma pessoa com 2/10 de visão ou um campo de visão <20º.

Em termos práticos, as pessoas com baixa visão (amblíopia) podem usar a visão para realizar, sem dificuldades, algumas tarefas, mas outras tornam-se muito demoradas ou quase impossíveis de realizar! Para realizar estas tarefas deveriam usar técnicas alternativas, por exemplo, ouvir livros gravados ou usar uma bengala para detectar obstáculos. Mas não podemos saber de antemão quais as capacidades e dificuldades de determinada pessoa com deficiência visual; cada pessoa é um caso. Também haverá momentos ou condições em que uma pessoa pode fazer uma actividade e outros em que não a consegue, devido ao estado de saúde, cansaço ou nível de luz, por exemplo.

16/05/2007

Como ajudar uma pessoa com deficiência visual!

O que sinto quando vejo uma pessoa com deficiência visual?
Como a abordar?
Poderei ajudá-la?
É a resposta a esta e outras questões que tentarei responder neste espaço.